terça-feira, 13 de setembro de 2016

Perda de conhecimentos adquiridos. Por que isso acontece?

Tentamos nos lembrar de coisas importantes, mas parece que só o inútil é de nosso agrado.
Quando estamos na sala de aula e somos repreendidos pelo professor por não saber a matéria aprendida na última aula é um fato muito triste. Não somente para o professor que enxerga que seu trabalho foi em vão, ou que suas tentativas de fazer o aluno aprender falharam. Mas também porque o próprio aluno se sente constrangido com tal acontecimento, por não poder compactuar com os anseios do seu mestre.

Para entender esse dilema, das coisas estarem tão vivas e brilhantes logo após o termino da aula, mas com o passar de um simples dia, ou semanas e meses, todo o conteúdo parece ter sido perdido, é necessária uma verificação do que acontece no cérebro quando aprendemos. Pois bem, imagine que a nossa cabeça possa ser análoga a um computador. Dentro do computador existe dois tipos de memória. A memória RAM, sigla vinda do inglês para Random Acess Memory, que é a memória de trabalho que pode ser imaginada como a memória de curto prazo, nos humanos é nela onde as operações são executadas junto com a memória de longo prazo, no computador chamado pela sigla HD, o Hard Disk, ou disco rígido que guarda as informações ao longo prazo.

Fotografia do hipocampo do cérebro de um rato colorido artificialmente pelos
 neurocientistas Joshua Sanes e Jeff Lichtman da Universiade de Havard
Com isso e mente, quando vamos dormir o nosso cérebro passa as informações da memória de trabalho, ou curto prazo para a memória de longo prazo. Por que disso? Porque a memória de curto prazo é mais rápida e dinâmica mais seu tamanho é muito limitado, e quando essa memória fica cheia, é preciso esvazia-la e decidir o que dever ser armazenado e o que deve ser excluído. E assim sentimos sono. Significa que a memória de trabalho está cheia, então é preciso desligar o corpo para poder mandar as informações para a de longo prazo. Dormimos porque esse processo é muito perigoso para ser feito acordado pois envolve o ligamento e desligamento de células neuronais, algo muito complexo que ainda está sendo estudado.

Mas o que isso contribui com o meu aprendizado? Ora. É preciso saber também que o nosso cérebro evoluiu para gostar de padrões perceptíveis e coisas que causam grande impacto, entre outras pequenas peripécias. Então logo de início não prestar atenção nas aulas, ou porque ela não é interessante, irá desmotiva-lo a decorar esse assunto, portando é preciso tentar gostar da matéria para facilitar esse processo. Outra coisa é o problema de lembrar da brincadeira do professor e não do assunto que envolvia, novamente o cérebro envolveu-se com aquilo que lhe agradava mais, então a solução parece ser diverte-se ao estudar. Se você faz algo não gostando daquilo que faz, seu cérebro não irá se importa em guarda as informações.

O físico teórico alemão Albert Einstein
demonstrando suas habilidades sobre duas rodas.
Fotografia. Califórnia, Santa Barbara - 1933
Agora porque mesmo assim, com o passar do tempo, perdemos aquilo que aprendemos? Talvez algumas coisas envolvendo coordenação motora como andar de bicicleta continua para sempre gravado na memória de alguns. Contudo é preciso fazer uma outra avaliação. Quando armazenamos novas informações, os neurônios se movem para forjar um caminho que resulte nessa determinada informação ou ação desejada. Conforme vamos aprendendo ela através da pratica, estamos dizendo ao nosso cérebro que essa informação é importante e deve ser reforçada, então novos caminhos vão sendo feitos para facilitar a busca por esse conhecimento mais tarde. Como andar de bicicleta é uma ação muito passada, ela foi enraizada a um ponto de não se perder.

Certamente a cabeça de uma criança é muito mais aberta de um adulto, porque essa vem ao mundo para explorar e adquirir certos costumes que irão ser passados por seus responsáveis. Desse jeito a criança aceita grande parte dos costumes, como uma folha em branco sendo preenchida. Contudo conforme vamos recebendo influencias e ganhando experiências, a tentativa de mudar as conexões do cérebro se tornam difíceis, pois o tempo permitiu que elas se madurecessem muito. Por causa disso que aprender uma nova língua quando adulto se torna um obstáculo, porque é preciso reconfigurar o cérebro que aceitava uma única língua, para aceitar a ideia de duas línguas. Algo difícil, mas que pode ser feito, mas requer mais tempo que o jovem teria, considerando que os dois tenham o mesmo esforço e facilidade para tal.

Como resolver este problema do esquecimento?

Sabendo como o cérebro funciona, é preciso planejar estratégias para assegurar que as informações desejadas sejam armazenadas corretamente. Vimos o que deve ser feito a curto prazo, contudo, e a longo? É neste ponto que entra o conceito das revisões. Revendo mais vezes o que se deseja adquiri mostra para o cérebro o que deve ser reconhecido. Quando história de fofocas são contatas inúmeras vezes, aliado ao seu desejo imenso de saber o que se passou nas últimas horas, temos a receita perfeita para registrar os inúmeros detalhes de quem ou acontecimento a pessoa estava contando. A mesma coisa com outros assuntos menores, como tudo a respeito do garoto da revista teen ou sobre as novidades de contratação de novos jogadores para um time de futebol. Para isso grande maioria consegue desenvolver lembranças solidas. A solução é transportar essa mesma motivação e desejo para os estudos.

Pesquisas foram feitas para avaliar o grau de retenção de um conteúdo, dentre eles o psicólogo experimental alemão Hermann Ebbinghaus em 1894 já estudava esse problema. Ele produzido um gráfico de linhas mostrando a retenção de um determinado conteúdo em porcentagem em função do tempo decorrido. E o que foi encontrado é que tendemos a esquecer muito rapidamente o que não revisamos. Foi averiguado uma perda de 60% do conteúdo após meros 20 minutos se a pessoa não pensar a respeito do assunto posteriormente. Mas o interessante é que, conforme a pessoa revisa o conteúdo, a perda do mesmo tende a ser menor a cada nova revisão, até chegar um ponto de a pessoa não esquecer ou esquecer muito pouco o que foi aprendido.
Explicação da curva do esquecimento de forma detalhada.
Ilustração retirado do website Forever Student.
Com isso, a ideia de estudar com consciência é estudar com alta taxa de absolvição dos conteúdos averiguados. Esse problema geralmente se agrava com a falta de interesse pela matéria, que não causando euforia no cérebro, reduz a relevância dessa em ser armazenada. Leitura complicadas, demoradas e chatas para o leitor tendem a ter o mesmo efeito. Para solucionar esse problema é preciso estar focado e não se deixar levar por outros pensamentos a respeito, que iram tira-lo fora da leitura e o entendimento da mesma, pois o leitor irá se focar em coisas externas que atormentam a cabeça dele.

A primeira revisão tende a ser a mais demorada, porque grande parte do conteúdo foi extinto, depois conforme o cérebro vai solidificando as informações, aquilo que inicialmente precisava demorar algumas horas para ser lembrado nos primeiros dias, torna-se apenas alguns minutos para ter à tona o antigo pensamento. Com isso esperamos que os alunos e aficionados pelo aprender possam compreender um pouco de uns dos problemas existente neste ato. Agora resta o mesmo se preparar e dedicar para ultrapassar esse problema que muitas vezes não é comentado em instituições de ensino, e se é, por vez é feito brevemente.
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