sábado, 5 de março de 2016

O forjamento do pensamento racionalista humano - Primeira insinuação

Quais são as bases da razão? Realmente existe diferença entre exatas e humanidades?
Parece ser muito engraçado que com o decorrer dos anos a sociedade veio a definir uma divisão bilateral clara entre os diferentes estudos humanos que existem. Seguidos até mesmo por um terceiro elemento mais tardio, visando obter os melhor dos dois mundos, ou se excluir desses dois primeiros. Estou falando a respeito da clássica divisão entre as matérias exatas e as humanidades, bem como as biológicas. O que levou a nossa sociedade arquitetar esses grupos? Porque as matérias exatas não são humanas sendo que ambas são utilizadas pelos humanos? Talvez não temos uma solidificação desta questão pela própria ideia de não sabermos se a rainha das ciências, a matemática, é de fato algo criado pelos humanos ou algo a ser descoberto, intrínseco a natureza, por assim se dizer.
Desenho representando os esteriótipos de pessoas que
apresentam afinidade com as respectivas áreas.
Sabe-se que qualquer disciplina tem sua origem fincada na filosofia. Nisso não há qualquer dúvida, e nenhum estudioso contesta. Contudo em especial a matemática, está que se fixa na filosofia através do estudo da filosofia primeira, a metafísica de Aristóteles, mas do que nunca, especificadamente no que se diz respeito ao raciocínio lógico, se diferencia das outras disciplinas por uma abordagem que exclui as qualidades dos objetos, e passa apenas a importa-se com o seu aspecto quantitativo. Para que possamos compreender isso com profundidade devemos voltar no tempo até a Grécia antiga, local este tido como berço da filosofia ocidental, da qual hoje tiramos nossas bases de sustentação para os mais diferentes meios de estudo.

A ideia de metafísica é um dos três grandes pilares da filosofia, junto com a epistemologia e a ética. Ela é a única que se permite dar sustentação à mesma e a todas as outras matérias. Mas afinal de contas, o que é a metafísica? Resumindo de uma maneira muito brusca, a metafísica pode ser entendido como o estudo de tudo aquilo que é, o estudo do ser. E sua pergunta originadora é a questão daquilo que é real e o que seria imaginário. Seu estudo permite reconhecer as semelhanças e as diferenças dos objetos, vide suas características intrínsecas. E por que isso é importante? Porque contrariando o que se mestre Platão havia dito, que o conhecimento verdadeiro estaria no mundo das ideias, e este deveria ser recuperado através do processo de reminiscência, Aristóteles teve que redefinir o dualismo Platônico.  E eles fez isso, reestruturando em passos ele diz que é possível obter o conhecimento das coisas que existem no mundo das sombras.
Representação dos filósofos, a esquerda Platão e a direita Aristóteles.
Rafael Sanzio: A Escola de Atenas, 1509. Afresco, 5 m x 7,7 m.
Vaticano, Palácio Apostólico.
Sendo assim, a ideia de abstração teve que ser construída, palavra vinda do latim, que significa isolação de fatos da realidade. Como o cosmo é muito vasto e complexo para ser totalmente compreendido pela pequenez humana, se faz necessário então faze-lo em partes. Isolando e categorizando metodicamente as coisas. Entretanto apesar do isolamento, o ser humano percebeu que as partes isoladas compartilhavam propriedades iguais ou semelhantes. Foi então identificado os chamados padrões. E exatamente com essas duas coisas que se pode dar origem a lógica, em descobrir que coisas de um ser especifico e de um ouro isolado que que compartilharia uma ligação por semelhança.

Quando digo que "a neve é branca" tem se a neve como um objeto isolado do mundo, mas não em totalidade, pois a neve contém uma propriedade, a de ser branca. Já o branco se termina como um objeto em seu isolamento máximo, o de ser cor, recebendo o nome de propriedade por fazer parte de algo maior, no caso a neve. Com isso é preciso dar um valor lógico à frase para que a mesma venha a se tornar uma preposição, ratificando sua existência no universo em que esta está inserida ou não. Se dissermos que "a rosa é vermelha", isso não será verdade para um daltônico que tenha protanopia, pois para ele a rosa será uma amarelo escuro. Dito isso vemos a importância de se declarar sentenças dentro de um contexto para evitar erros e contradições lógicas.
Fotografia de um floco de neve tirada através da lente de um microscópio.
Sua forma peculiar deriva-se da estrutura hexagonal da água cristalizada.
Sendo assim podemos fazer conexões entre as preposições e encontrar padrões. Se formulo a preposição de que "Pedro e Gustavo são crianças", e depois prepósito novamente: "Toda criança é menor de idade", descubro que Pedro e Gustavo, além de serem crianças, também são menores de idade, através da releitura e ratificação da última premissa. Contudo observe que, se dizermos que "Carla e Bruna são menores de idade", e depois digo que "todo menor de idade é uma criança", seriam Carla e Bruna crianças? Não. Pelo simples fato de que a última preposição está incorreta, pois nem todo o menor de idade é uma criança, ele poder ser um bebê ou um adolescente, a menos é claro, que a situação permita considerar essas duas entidades como crianças.

O que acabamos de fazer no trecho anterior foi a formação de uma nova premissa, preposição, chamada de conclusão, através de duas outras premissas inicias. Esse fato só foi possível através de uma regra lógica que foi estabelecida denominada dedução. Via de regra, este raciocínio segue o modelo de silogismo, onde dada uma premissa maior, que define uma regra geral: "Toda criança é menor de idade", e dada uma premissa menor, isolada e especificadora de um grupo: "Pedro e Gustavo são crianças", com a qual se obtêm uma conclusão: "Pedro e Gustavo são menores de idade". Essa característica do argumento dedutivo é muito difícil de combater, pois uma vez que seja verdade a premissa maior, a menor sempre será verdade.

Outro argumento como o indutivo é muito utilizado por cientistas para comprovarem suas hipóteses. Através da observação constante de um fato, percebe-se que esse pode se tornar uma lei. Partindo assim dos isolados a um conceito geral. Porém ele é argumento fraco, pois o isolado pode compor características que não diz respeito ao geral. Ao observar um grupo de animais mamíferos e notar que todos desse grupo apresentam fecundação vivípara, isto é, a formação do embrião no interior do ser, não significa que todos os mamíferos apresentam essa característica. Vide o ornitorrinco como exemplo que tem fecundação ovípara, tendo que botar ovos ao invés de ter o feto guardado no corpo.

Nas próximas insinuações, capítulos, iremos a partir dessas informações descobrir a origem da matemática a sua formação no intelecto humano. Não deixe de rever o blog. Até mais!

A próxima insinuação já está disponível para leitura. Para acessa-la consulte o link abaixo: